FILOS
O Brasil está dividido, graças a um desentendimento geral, em duas sociedades, uma civil e outra política. O que prova um vácuo no conceito Estado. Nossa sociedade é una, todos somos políticos iguais, porque participamos de um sistema que proporciona igualdade ao mesmo tempo que permite privilégios não previstos me lei. Aceitamos a palavra autoridade numa normalidade medieval, quando a plebe queria ser inferior e para ser precisava ser guiada pela demagogia aristocrata.
No Brasil colonial o povo foi dividido como gado bovino no pasto, uma parte era escrava e a outra colonizada com autoritarismo. O Europeu não mandava no território brasileiro apenas, conduzia a mentalidade nacional, que se formava no andar térreo. Se era bom para a Europa era ideal para o Brasil.
Voltando aos dias atuais, convém alertar o brasileiro, principalmente os que se socializam através das plataformas (não são redes) sociais, que os sistemas tecnológicos agem como a Velha Europa o fazia, a partir de 1500, que a palavra autoridade deve ser banida do vocabulário luso brasileiro, porque os que assim gostam de ser chamados são na realidade representantes do Estado. Nosso Estado!
Respondam rápido: o juiz de Direito da Comarca e o Prefeito do município, qual deles é um político? Os DOIS, caro internauta, os dois!
CRUZ
Até 1852, o Brasil era um Estado católico, que era a única religião permitida ao povo e participativa do governo. Isso acontecia por influência portuguesa, que pagava pedágio ao Vaticano, assim como o resto da Europa, menos a Inglaterra. Um decreto de D. Pedro II liberou as religiões no Brasil, logo após, a primeira igreja metodista foi construída no Rio e o Estado passou a tomar conta da sociedade emitindo documentos pessoais, como registro de nascimento, atestado de óbito, certidão de casamento e outros, que era exclusividade da Igreja. Até a república, vários templos de outras religiões foram erigidos nas principais cidades do Brasil, as sinagogas lideravam. O Brasil passou a ser um Estado laico, em tese!
CARTILHA
Antes da ditadura de 64/85, as escolhas públicas ministravam aulas de religião. Todas as semanas um padre proferia uma aula em cada classe (Era um Estado Laico, ora). O novo governo monitorado pelos EUA encerrou a prática, religião não era compatível com os estatutos do governo. No governo Geisel, o então ministro da cultura, Eduardo Portela, baixou uma portaria de responsabilidade da sua pasta, para a volta às escolas das aulas de religião, vinculadas à prática cultural, isentando-as da ligação com a educação. Consultado pelo presidente da República, o presidente da Câmara Federal, em recesso disse que era inconstitucional. Quando ficou sabendo, o ministro Portela declarou à imprensa: “estou ministro, não sou ministro”. (No dia seguinte, desautorizado por Geisel, estava ministro).
LÍDER
Lemos sempre que Zé Dirceu, atualmente preso pela lava-jato, foi um líder estudantil exemplar. Isso é real, porém, ele foi presidente da UPE (União Paulista de Estudantes) e não UNE (União Nacional dos Estudantes). O Zé, como o PE gosta de chama-lo, ainda jovem fez uma cirurgia nasal. Tinha um enorme nariz adunco!
LOUSA
Na escola a gente cansava de ser corrigido: não é lousa, é quadro negro, lousa é a lápide do cemitério! Muita gente tem saudade da escola pública brasileira. Comparam a antiga com a atual e os extremistas, que os particulares engoliram o ensino público. Não se trata de generalizar, as posições são pontuais, aqui e ali, existem as duas escolas, com graus de excelência diversos. Os que defendem a qualidade do professor daquele tempo e o atual, também cometem injustiça, há lá os bons, aqui os há também. (O primeiro há da frase não é erro, é proposital, porque os antigos professores lecionam até hoje fora da sala de aula, na vida).
Na escola exclusiva do Estado ensinava-se que uma ilha era uma porção de terra cercada por todos os lados de água (cercada de um lado só seria impossível). Também a bandeira brasileira tinha o amarelo para representar as riquezas em ouro, o verde para ilustrar nossas preservadas florestas e o azul para lembrar que a gente tinha o céu próprio. (não se falava nas cores da casa portuguesa Bragança e na dos Habsburgos, que a princesa Leopoldina lembrou com saudade).
BRASILIDADE
Se os contemporâneos no Brasil tiverem que pagar o que os antepassados fizeram, estamos todos na porta do inferno. O rico do país ganhava terra da Coroa Portuguesa, as capitanias hereditárias, que eram loteadas em sesmarias (seis parceiros na exploração agrícola). Antes de tomar posse das terras, matava os índios, inclusive crianças e grávidas, em seguida, encomendava uma leva de escravos da África, cuja carga no navio morria com fome, sede, doenças e maus tratos. Os que chegavam no porto brasileiro eram selecionados e filhos separados de mãe e pai, eram vendidos. Os donos castigavam os que apenas faziam menção de rebeldia, alguns eram mortos, como exemplo.
Quando chegavam na roça, eram colocados em senzalas, dormiam no chão, comiam em cochos juntos com os porcos e ficavam amarrados a noite toda, até a madrugada. Os senhores de escravos, brancos, nossos antepassados, tinham a casa grande, sempre uma palácio, onde moravam com a família. Muitos donos dos negros estupravam e violentavam as jovens escravas, que na maioria, ficavam grávidas. Depois que a criança nascia era vendida para outras fazendas para desfazer o vínculo de paternidade. Resumo: o pai vendia o próprio filho! Se alguém fizer sua árvore genealógica, lá pelo século XVII/XVII, vai encontrar um irmão negro e um avô histórico branco, descendente de Hitler e nazistas europeus.