Recentemente organizei um concurso de poesia envolvendo alunos do 9º ao 3º colegial na escola na qual eu leciono aqui em Monte Alto. Fiquei deslumbrado com tamanha subjetividade e lirismo dos participantes. Em tempos de fácil acesso à tecnologia e entre tantos distratores que confrontam com a leitura hoje em dia, é de se comemorar as palavras expelidas pelos poros de cada aluno. Confesso que a cada poesia que li e analisei, pude conhecer o interior de cada discente. Uns atormentados, outros expulsando os seus medos, outros indignados com o rumo que a mundo está tomando. Pude vivenciar e me colocar no lugar de cada sentimento ali tratado com vocábulos. São coisas que nós adultos já passamos e quando nos deparamos com estas mesmas vivências, surge aquela enorme vontade de transmitir a nossa poesia em forma de conselho. Surge aquela vontade de expulsar os demônios de cada coraçãozinho que palpita e ao mesmo tempo consegue expor todo aquele sentimento em versos. É um amálgama de profissionalismo e paternidade. A vontade de chamá-los para uma conversa em particular para que possam expressar o que os incomoda é muito grande. Há assuntos que os alunos não gostam de tratar com os pais. Sentem-se mais a vontade de se expressar com um terceiro, geralmente com um amigo mais próximo. Dificilmente se abrem com os professores, porém quando isso acontece a primeira forma de manifestar os sentimentos são através das lágrimas. Às vezes ácidas. Aquelas que escorrem pela face deixando suas marcas. A poesia consegue transmitir esta comunicação. É uma forma de manifestar os sentimentos ocultos. Aqueles que alfinetam o coração e perturbam a alma. Talvez seja mais fácil entendê-los poeticamente do que chamando à atenção. Se a poesia fosse rotina na vida desses alunos daria para resolver muitas questões insolucionáveis pelos pais. Talvez nos aproximássemos não só pelo respeito físico, mas também com o espírito. Entender os problemas que assombram os nossos alunos é entendê-lo por inteiro. Isso só a poesia consegue. É a única forma de manifestar aquilo que a alma não quer dizer.